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UTILIDADES PÚBLICAS

terça-feira, 10 de abril de 2012

Sesed rechaça denúncia na Civil

A Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed) emitiu nota sobre a matéria publicada na edição da TRIBUNA DO NORTE no último domingo.  Intitulada de "Policiais Civis na mira de investigação", a reportagem baseou-se em um documento da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa de Direitos Humanos, ligada à Presidência da República, que pedia a investigação de supostos crimes cometidos por delegados e agentes da Polícia Civil do Rio Grande do Norte, além de um agente da Polícia Federal e um funcionário aposentado da Assembléia Legislativa do RN. Para a Sesed, a denúncia foi feita de forma criminosa e com intuito de causar tumulto na instituição.

Júnior Santos
Associação dos Delegados da Polícia Civil no Rio Grande do Norte afirma que viu denúncia com surpresa, mas quer apuração do caso
Associação dos Delegados da Polícia Civil no Rio Grande do Norte afirma que viu denúncia com surpresa, mas quer apuração do caso

Apesar da declaração, na semana passada, foi publicada uma portaria no Diário Oficial do Estado que cria uma comissão tríplice de investigação. A comissão é formada pelos delegados João Bosco Vasconcelos de Almeida, Laerte Jardim Brasil e Marcus Dayan Pereira Teixeira de Vasconcelos que, diante da comunicação oficial da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, receberam a incumbência de apurar os supostos crimes.

A nota da Sesed, divulgada ontem e assinada pelo secretário Aldair da Rocha, esclarece o posicionamento da pasta em relação ao assunto. De acordo com a Sesed, o denunciante, que se identificou como ligado ao Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), não teria essa relação. "O próprio Sindicato já declarou não ter sido autor do relato que aponta o suposto envolvimento de servidores públicos com irregularidades", diz a nota.  Assassinatos, tráfico de drogas, formação de quadrilha, extorsão, corrupção e tráfico de influência são alguns dos crimes atribuídos aos servidores públicos, de acordo com denúncia enviada à Secretaria Nacional de Promoção e Defesa de Direitos Humanos.

Para a Secretaria de Segurança, "as mudanças que ocorreram, no ano passado, em cargos na Delegacia-geral da Polícia Civil (Degepol), podem ter desagradado algumas pessoas, que teriam ficado chateadas, passando a promover tais 'denúncias', com o intuito de causar tumulto na instituição". A denúncia, a qual a reportagem da TRIBUNA DO NORTE teve acesso, em Brasília, coloca no rol dos suspeitos o subsecretário da Sesed Airton de Sá Ferraz, delegado aposentado da Polícia Federal.

No documento, é dito que "uma sobrinha do Dr. Ferraz tem relações amorosas com Novinho do Gás [Wagner Miguel de Araújo Galvão], onde a ordem é não mexer com Novinho". A denúncia atribui crimes de tráfico de drogas e homicídios ao homem conhecido como Novinho do Gás.

Através de nota, a Sesed alertou que "o subsecretário da Sesed (…), citado equivocadamente na reportagem como secretário-adjunto, não tem nenhuma sobrinha morando em Natal". Os dois últimos pontos da nota da Secretaria dizem respeito a providências a serem tomadas a partir das denúncias. "O caso está sendo investigado por meio de processo administrativo e de inquérito policial e, caso seja comprovada alguma prática ilegal por parte de servidores, que terão assegurado o amplo direito de defesa, esses serão penalizados, de acordo com a legislação".

Por fim, a Sesed disse reforçar "seu compromisso de continuar trabalhando em prol dos potiguares, sempre respeitando os direitos dos cidadãos e combatendo a criminalidade".

Os delegados citados na denúncia se reuniram durante a manhã de ontem na sede da Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed), localizada no Centro Administrativo, pouco antes da divulgação da nota. Sílvio Fernando, Gustavo Santana, Lenivaldo Pimentel, Ronaldo Gomes, Márcio Delgado, Sheila Freitas e Delmontiê Falcão estiveram presentes. Inicialmente, o encontro ocorreu na sala do subsecretário Airton Ferraz, também citado na denúncia. A presidente da Associação dos Delegados da Polícia Civil (Adepol/RN), Ana Cláudia Saraiva se juntou ao encontro após o seu início.

MINISTÉRIO PÚBLICO

Em entrevista durante a manhã de ontem, o procurador-geral de Justiça, Manoel Onofre Neto, garantiu que o Ministério Público irá acompanhar a investigação a ser conduzida pela Polícia Civil. "O Ministério Público Estadual tem conhecimento de alguns dos fatos denunciados e vai acompanhar todo o trabalho e dar o apoio necessário à Comissão de Delegados instituída para apurar os fatos". Na quarta-feira passada, o delegado-geral designou uma comissão composta por três delegados para investigar os supostos crimes.

Sinpol nega autoria das denúncias

Apesar de apócrifo, o documento encaminhado em junho de 2011 à Secretaria Nacional de Promoção e Defesa de Direitos Humanos era atribuído ao Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol). Ontem, o presidente do Sinpol, Djair Oliveira, negou a autoria das denúncias e reforçou a ausência de participação do sindicato em qualquer investigação relacionada ao caso. "Nós não fazemos denúncias anônimas. Acredito que alguém tenha se aproveitado da credibilidade do sindicato para que a denúncia tivesse algum destaque", disse Oliveira.

O presidente do Sinpol apresentou documentos em que a Secretaria Nacional pede reiteradas desculpas pela atribuição indevida. "Oficiamos à Secretaria em Brasília para que fosse esclarecido o porquê de se  atribuir ao Sinpol a realização das denúncias. A própria secretária disse que não havia assinatura nem papel timbrado e pediu desculpas por envolver o nome do Sinpol no caso", afirmou o presidente do sindicato.

"(...)Reiterar o pedido de desculpas diante do equívoco cometido no encaminhamento de denúncias envolvendo a cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Norte(...)", relata o documento enviado em 16 de novembro de 2011 ao Sinpol e assinado por Maria Ivonete Barbosa Tamboril, secretária nacional.

Através de nota oficial, o Sinpol reforçou o seu posicionamento. "O Sindicato nega veementemente que é o autor e apresenta documentos expedidos e recebidos, os quais esclarecem não ter sido o Sinpol/RN o autor das denúncias anônimas". E continua.  "No caso em questão utilizaram-se de maneira criminosa do nome do SINPOL/RN, perante os órgãos públicos".

O sindicato ressalta que cobrará pela apuração dos supostos fatos envolvendo policiais civis. "Esclarecido que o Sinpol não fez tais denúncias, a entidade ressalta, sim, que cobrará a apuração séria destes possíveis crimes de alta gravidade, ressaltando que luta pelo respeito e dignidade de todos os policiais civis do Rio Grande do Norte", informou através de nota.

Sindasp

A presidenta do Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindasp/RN), Vilma Batista, rechaçou qualquer envolvimento de agentes penitenciários com traficantes e criminosos e, ainda, a manutenção de contato entre eles fora do ambiente de trabalho. A sindicalista procurou a reportagem da TRIBUNA DO NORTE para esclarecer que o ex-agente identificado apenas como Geovane, atuou como agente penitenciário por um curto intervalo de tempo antes de ingressar na Polícia Civil.

Secretaria Nacional pediu investigação sobre o caso

A TRIBUNA DO NORTE teve acesso com exclusividade às denúncias encaminhadas à Secretaria Nacional de Promoção e Defesa de Direitos Humanos. O documento, apócrifo, foi protocolado em 10 de junho do ano passado sob o número: 00005.004292/2011-71. Dez dias depois, o secretário substituto de Promoção e Defesa de Direitos Humanos, Gabriel Silva Ribeiro, enviou ofício (de número 365/2011) ao ouvidor de Polícia do RN, Geraldo Soares Wanderley.

Após tramitar na Casa Civil, na Corregedoria Geral e na Secretaria de Segurança, as denúncias chegaram às mãos do delegado-geral. Fábio Rogério decidiu designar a comissão tríplice na semana passada.

A TRIBUNA DO NORTE obteve cópia das denúncias, que são feitas em cinco páginas de papel ofício, em Brasília. Logo na primeira página, o denunciante frisa que "por não ter um plano de segurança devidamente traçado, a 'ordem é matar' para mostrar serviço perante a governadora e a sociedade" (sic). Fato teria ocorrido no ano passado.

O denunciante ressalta que "toda e qualquer investigação a ser realizada sobre os fatos jamais poderá ser feita pela polícia do Rio Grande do Norte, pois os policiais citados fazem parte da cúpula das Polícias Civil, Militar, PF e da Sesed, inviabilizando e tornando suspeita toda e qualquer apuração" (sic).

Bate-papo

Ana Cláudia Saraiva, presidente da Adepol

"Temos o interesse de que haja uma rigorosa apuração do caso"

Como a Adepol encarou as denúncias expostas pela TRIBUNA DO NORTE?

Vimos com surpresa. Na reportagem foi atacado todo o sistema de segurança pública. Lamentamos a forma de divulgação desses supostos fatos e tomaremos as medidas legais cabíveis.

Como os delegados citados reagiram?

Eles me procuraram para nos reunirmos e sabermos que tipo de medida poderiam tomar para esclarecer os fatos. Colocamos à disposição a assessoria jurídica da Adepol para aqueles que quiserem ir à Justiça em virtude da divulgação da denúncia, que considero vaga e inconsistente. Em nenhum momento a denúncia publicada pelo jornal apresenta qualquer consistência ou traz indícios ou evidências que possam balizar as acusações. Deixo aqui a pergunta: de quem é o interesse de desestabilizar o sistema de segurança? A sociedade tem que confiar nessas instituições responsáveis por um trabalho tão importante.  Não há concatenação entre as informações e acabam por prejudicar a imagem da carreira de profissionais que lutam pela segurança pública do Rio Grande do Norte.

É necessário que se apure as denúncias?

Temos o interesse de que haja uma rigorosa apuração do caso. Queremos resgatar a tranqüilidade e dizer que a população deve confiar no sistema. Iremos cobrar celeridade, eficiência e rigor do inquérito.

Os delegados que compõem a comissão de investigação terão liberdade suficiente para apurar crimes atribuídos a outros delegados?

Não se pode generalizar as denúncias. Acredito no trabalho de apuração e também há o Ministério Público e a Corregedoria para acompanhar o caso. O que não falta é órgão para fiscalizar o trabalho da polícia. A Adepol confia na lisura, eficiência e isenção do trabalho que será realizado pela comissão designada pela Delegacia Geral de Polícia para apurar as denúncias encaminhadas à Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos. Com a certeza de que será assegurado o princípio constitucional da ampla defesa e do contraditório, antes de pais e mães de família terem suas fotos e nomes expostos.

Tribuna do Norte

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