Neste trecho da entrevista, o falso militar Carlos da Cruz Sampaio Junior fala que a patente lhe deu prestígio, que era ouvido na Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro e até brinca com seu dom de atirar.
A patente veio para buscar mais respeito?
Carlos Sampaio: Em busca de mais solução. Veja bem! Eu acho que está se batendo na causa e não no efeito. Eu estou pouco me importando se você vai me tratar bem porque eu sou coronel, ou sou um major, ou sou um PI, como foi dito. O que eu quero, o que eu queria e o que eu lamento, que não deu continuidade ao projeto, depois que eu saí da Secretaria de Segurança, o projeto sumiu. Todo mundo adotava o projeto, fui preso, o projeto sumiu. Mas o que eu lamento, o que eu queria realmente é que aquele projeto funcionasse. Não é por provar nada pra ninguém não. Porque R$2.000,00 que eu ganhava, bruto, na Secretaria de Segurança, eu ganho num projeto que eu faço, num projeto. O que eu precisava era o seguinte: pegar aquilo, mostrar que há viabilidade de se ter uma metodologia nova e eficaz, ajudar o batalhão a cumprir a meta do Estado. Por que? Porque eu gosto, porque eu sei, porque eu estudei, porque eu me dediquei, porque eu tive interesse. Agora falar: ah! Em busca de respeito! Não. Não se trata de respeito. Porque, se você perguntar a qualquer pessoa que trabalhou comigo, nenhum deles vai poder dizer que eu impus respeito ou eu exigia respeito, muito pelo contrário, o tratamento era de igual pra igual. O que eu precisava era que as pessoas acreditassem que era viável e, quando elas acreditam... o resultado está aí, foi veiculado na imprensa.
Como entrou na Secretaria pela segunda vez?
Carlos Sampaio: Exatamente por isso. Porque chegou ao conhecimento da Secretaria de Segurança, desse projeto. Fui convidado uma vez, em novembro ou dezembro, não me recordo, em 2009, eu disse que eu não podia. Depois eu fui convidado... fui chamado novamente, uma segunda... minto, eu fui convidado para apresentar o projeto na Secretaria de Segurança, apresentei o projeto normalmente.
Quem ouviu a palestra?
Carlos Sampaio: Para uma série de coordenadores e oficiais, e delegados. O secretário de Segurança, não. Eu nunca tive contato com ele. Quer dizer, contato visual.
Ao entrar na Secretaria, as pessoas já te conheciam como coronel?
Carlos Sampaio: Só que quando você entra, se você já era major e coronel no Batalhão, é provável... Com certeza alguém poderia ter o conhecimento, mas eu nunca cheguei... a pessoa que me chamou nunca me chegou... “Ô, major ou coronel Sampaio.”, sempre me chamavam de Sampaio.
Na contratação, você apresentou algum documento?
Carlos Sampaio: Eu nunca apresentei pra ela ou para outro oficial, policial militar, em qualquer unidade que eu servi, qualquer identificação, seja ela verdadeira ou falsa.
Pra ser contratado, não foi pedido documentos?
Carlos Sampaio: Eu já tinha uma série de documentações apresentadas na Secretaria de Segurança.
E não pediram a documentação de novo?
Carlos Sampaio: Eu já tinha tudo, a minha carteira do Instituto Félix Pacheco, CPF, PIS, tinha tudo. Então, não apresentei, para ser contratado, absolutamente documento nenhum.
E aquela foto com farda de gala, hein..
Carlos Sampaio: Foi uma montagem de photoshop. Que eu fiz.
Você falsificou uma carteira?
Carlos Sampaio: Não falsifiquei, criei. É diferente. Falsificar é você pegar qualquer documentação e transformar os dados. Eu simplesmente editei a carteira toda no Photoshop.
O coronel cresceu na Secretaria. Fez viagens...
Carlos Sampaio: Viajei pela Secretaria de Segurança para tomar conhecimento de um projeto que eu queria tentar adaptar à nossa realidade, mas era fora de questão.
Tinha viatura à disposição?
Carlos Sampaio: Tinha uma viatura que me servia para locomoção pessoal e profissional, como todos os outros coordenadores.
Você foi flagrado em operações. Qual o seu papel na rendição dos bandidos no Hotel Intercontinental?
Carlos Sampaio: Nenhuma. Estava na Barra, passei por ali e alimentei o Centro de Operações com informações em tempo real.
Mas você está de colete, perto dos homens do Bope..
Carlos Sampaio: Que fique claro. O colete era meu. A parte de cima é um colete de paintball, que era adaptado.
E a tarja de identificação?
Carlos Sampaio: Eu mandei fazer uma tarja de identificação. Eu não era policial, eu era da Secretaria de Segurança, identificação perfeitamente cabível ao caso.
E na Ilha do Governador, quando um homem, mais tarde reconhecido como ladrão de automóveis, foi morto?
Carlos Sampaio: Nenhuma. Eu estava coordenando a operação, a nível de colocação dos pontos, não só essa como de outros pontos anteriores. Eu já estava numa viatura, quando um veículo, dirigido por um elemento que depois foi reconhecido como um dos maiores ladrões de veículos daquela região, tentou ultrapassar a blitz e efetuou um disparo de arma de fogo contra um policial. Esse policial caiu, eu estava há mais ou menos uns 40 metros de distância, já entrando na viatura. Os outros policiais revidaram e vieram a balear esse elemento. Um outro criminoso fugiu em direção a uma comunidade. Dentro do carro havia um cidadão que tinha sido sequestrado naquele momento, tinha sido colocado como refém e foi salvo pelos policiais militares da guarnição.
Você acha então que você tinha o conhecimento pra ser um coronel?
Carlos Sampaio: Eu tinha o conhecimento para fazer o que eu fiz. Tem coronel que não tem conhecimento, tem coronel que tem mais conhecimento, tem major que tem muito mais conhecimento que coronel. Patente é uma questão hierárquica. Não existe uma prova que você mude de major para coronel... ou de major pra tenente-coronel, ou de capitão pra major. Até existe, né! Mas não é... Você é ... do Exército, você é... da Polícia Militar, é uma fase de adaptação. É um estudo que você vai aperfeiçoar para poder comandar uma unidade.
Sentiu ou soube em algum momento que havia um desconfiando de sua patente?
Carlos Sampaio: Não posso dizer isso. Mas acreditavam no meu trabalho, enquanto eu era coronel. Depois que eu deixei de ser coronel as pessoas deixaram de acreditar. Causa e efeito?
As pessoas dizem que você era um ótimo atirador? É verdade? Onde aprendeu?
Carlos Sampaio: Você sabe andar de bicicleta? Sabe, né. Eu sei dar tiro. É dom.
FONTE : EXTRA
DESABAFO DO IBURA : Isso mostra o quanto nossa segurança pública estar falha,se não podemos proteger os nossos quartéis,quem o diga a sociedade,os governos devem olhar mas para os policiais,principalmente o governo federal com a aprovação da PEC 300.
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