Passado o susto, hora de um recomeço
Viva quanto tempo viver o agente de trânsito Ítalo Thiago Silva Cunha, 23, nunca vai tirar da memória o que aconteceu, às 17h45, do dia 20 de novembro de 2009. No fim do expediente, no caminho do trabalho do pai, o agente encontrou dois motoqueiros que haviam atravessado um semáforo vermelho e os seguiu. Ao seu encontro vieram três balas, das quais uma o atingiu e perfurou o coração, fígado e intestino. Depois de 21 dias internado - dez deles em coma induzido - e cerca de quatro meses em reabilitação, em casa, ele se prepara para voltar ao trabalho e já retomou sua rotina diária no convívio com a família e amigos. Do "pesadelo", uma lição: "Dar importância a todos que nos cercam e perceber que família e amigos são o mais importantes", desabafa Ítalo Thiago, na primeira entrevista depois do ocorrido.
A volta ao trabalho, na Gerência Municipal de Trânsito (GETRAN), aconteceria ontem, mas ele teve de ser submetido a uma pequena cirurgia para retirada da bala que estava alojada e o retorno ficou marcado para daqui a 30 dias. Mas com uma mudança: trabalho nas ruas nunca mais. "Entrei em acordo com a Gerência e vou trabalhar na parte administrativa. Não tinha mais condições de ficar nas ruas, mas pela questão psicológica. Graças a Deus entramos em acordo e não houve resistência da Prefeitura", disse.
Nas palavras, ele faz questão de ressaltar o apoio da família, dos amigos, colegas de trabalho e, principalmente, daqueles anônimos. "Muitas pessoas quem nem me conheciam fizeram orações, pediram a Deus pela minha recuperação e quero aproveitar para deixar meu agradecimento. Não sabia que poderia ser tão querido como fui", comentou.
Sem nenhuma sequela, decorrente dos ferimentos provocados pela bala, Ítalo Thiago é consciente de que o caso terminou por gerar mudanças para a categoria, como a incorporação em outra secretaria e a promessa de algumas melhorias. "Se existe alguma coisa de positivo que pode ser tirado disso, vejo que foram essas mudanças. A sociedade ficou sabendo que nós (agentes) precisamos de proteção para organizar o trânsito", disse.
De acordo com Ítalo, diferente do que foi veiculado na imprensa na época, não houve abordagem de sua parte, contra os dois motoqueiros que atiraram. "Quando eles furaram o sinal vermelho, eu os segui, mas já fui alvejado ainda em cima da moto. Quando percebi que estava sangrando, arriei a moto e fui pedir ajuda, mas desmaiei", revela.
Para ele, estar em casa, sem nenhuma sequela, representa um milagre divino, com uma forcinha da ação humana. "Os médicos dos hospitais por onde passei se empenharam muito em agilizar tudo o possível para minha saúde. Isso eu nunca vou esquecer", disse.
FONTE: JORNAL DE FATO
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