Alguns dos delegados citados na denúncia feita à Secretaria de Direitos Humanos da Procuradoria da República se defendem das acusações e acreditam que tudo serviu para desestabilizar a Segurança Pública potiguar. Mesmo o delegado geral da Polícia Civil, Fábio Rogério, que designou na semana passada uma comissão para investigar os supostos crimes praticados por seus colegas, afirma que o teor da denúncia "é muito fraco e não apresenta provas ou testemunhas".
O delegado Gustavo Santana é apontado na denúncia como tendo o seu nome em agendas de bicheiros presos recentemente. Ele se diz surpreso com a acusação e ainda mais com a divulgação das informações. "Não entendi o motivo pelo qual essas denúncias foram levadas à frente, se em ofício enviado ao Sinpol [Sindicato dos Policiais Civis] a secretaria reconhece o documento com um equívoco". Ainda segundo o delegado, o número de telefone encontrado nas agendas "é de um telefone funcional. Não é o meu particular, mas pertence ao Estado e é público".
O delegado Márcio Delgado é acusado de ter vendido parte de uma apreensão de cocaína encontrada na praia de Jenipabu em 2008, bem como ter sido designado no ano passado para a Delegacia Especializada de Crimes Contra a Ordem Tributária (Deicot) para "esfriar" as investigações em torno de irregularidades no Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) que vieram à tona com a Operação Pecado Capital. Sobre a primeira acusação, Márcio garante que não fazia parte da equipe da Divisão Especializada de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor) quando essa apreensão ocorreu. "Eu não participei desse inquérito. É tão leviana a denúncia que a pessoa que a fez não sabe nem sequer a cronologia das coisas".
Quanto à denúncia de ter sido designado para "abafar" as investigações sobre o Ipem, Márcio Delgado afirma que, quando lhe foi encaminhado tal inquérito, ele inquiriu várias testemunhas. "E o teor desses depoimentos serviu como base para a denúncia do Ministério Público Estadual". Além disso, ele garante que concluiu todas as diligências e oitivas dentro do prazo e encaminhou tudo devidamente ao MPE.
A equipe do Diário de Natal entrou em contato com o delegado Delmontiê Falcão, que é acusado de participar de um esquema de roubo de cargas em Assu. Ele, porém, preferiu não comentar as denúncias. Os delegados Lenivaldo Pimentel, Ronaldo Gomes, Sheila Freitas e Sílvio Fernando, citados na denúncia, também foram procurados, mas nenhum deles atendeu as ligações feitas a seus celulares.
Fábio Rogério, delegado geral, ressalta que a denúncia feita à Secretaria de Direitos Humanos foi anônima e utilizou o nome do Sinpol "de forma covarde". Ele considera lamentável que o teor do documento tenha sido divulgado nos meios de comunicação. "A imprensa se antecipou e condenou todo mundo que foi citado". Ele afirma que a decisão de se mandar averiguar tais denúncias, mesmo anônima e sem provas, foi para "dar transparência à nossa atividade, já que nomes de servidores foram citados". O delegado geral destacaque são vários fatos denunciados e que, por isso, não deverá estabelecer um prazo para a conclusão das investigações. "Esperamos que seja o mais rápido possível".
De Paulo de Sousa para o Diário de Natal
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