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sábado, 4 de setembro de 2010

Desocupação é duas vezes maior entre os jovens no Rio Grande do Norte

Entrar no mercado de trabalho é uma tarefa complicada para muita gente. Mais ainda quando se trata de um jovem. Uma prova é que a taxa de desocupação total no Rio Grande do Norte, em 2008, era 7,3%, mas entre os jovens - de 18 a 24 anos - era 13,9%, quase o dobro, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Nesse período, a população jovem, de 18 a 24 anos, somava 423 mil pessoas, correspondendo a de cerca 19,7% da população acima de 18 anos residente no estado. Deste contingente jovem, grande parte, 288 mil, estava engajada na força de trabalho local, quer na condição de ocupados, quer na de desocupados. Tais informações mostram que é expressiva a presença deste segmento da População Economicamente Ativa (PEA) com mais de 18 anos, representando mais de um quinto dos trabalhadores (18,2%).
A taxa de desocupação entre os jovens ainda é alta, mas já foi bem pior. Em 2002, a taxa de participação dos jovens expressa na parcela da população de 18 a 24 anos efetivamente presente no mercado de trabalho potiguar era 54,8%, enquanto que em 2008 essa taxa passou para 68,1%, "motivada por uma melhoria na economia, especialmente, no mercado de trabalho", avaliou Melquisedec Moreira, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos do Rio Grande do Norte (DIEESE/RN).
A falta de experiência é o motivo principal para o mercado de trabalho "virar as costas" para os jovens. "A experiência ainda é um fator preponderante para a vida das empresas, principalmente porque as empresas ainda tomam muitas decisões fora da técnica - informação, estatística, dados - considerando a experiência, a vivência como base decisória", observou o economista Franklin Filgueira, da Índice Consultoria.
Os números ainda são negativos, mas também há boas notícias para se comemorar. A primeira é que a recepção das empresas está melhorando. A segunda é que a contratação de estagiários está em ritmo acelerado. "A mudança da lei do estágio e a crise mundial causaram uma crise e muitos contratos de estágio foram cancelados, mas, no momento, está em plena expansão", informou Fernanda Lopes, assistente de atendimento às empresas do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE).
Fernanda ressaltou que o estágio é uma excelente ferramenta para formar bons profissionais. "O estágio é bom para a empresa e especialmente para os estudantes", avaliou.
Outra boa notícia é que os jovens estão buscando cada vez mais tarde o mercado de trabalho e se dedicando mais aos estudos. Essa mudança de comportamento deve-se à expansão das universidades públicas e dos institutos federais, além de iniciativas de inclusão no ensino superior como o Programa Universidade Para Todos (PROUNI), do Governo Federal, e o Pró-Superior, da Prefeitura de Mossoró. "Os jovens estão se qualificando mais para buscar vagas de primeiro escalão nas empresas", observou Melquisedec Moreira, lembrando que os jovens do passado se contentavam com qualquer posto de trabalho.
Para Franklin Filgueira, contratar um jovem é um grande negócio. "Quem contrata tem a possibilidade de formar um profissional dentro da filosofia da empresa, sem que ele traga vícios de empregos anteriores. O jovem também custa menos (baixos salários) e tem uma automotivação maior para a busca de novos conhecimentos", justificou o economista.

Empresa e jovem que são exemplos
A maioria dos empresários não acredita e, consequentemente, não investe na contratação de jovens. Porém, o empresário Wellington Rodrigues pensa de forma totalmente diferente. Sócio de uma empresa do segmento da construção civil, Wellington tem o seu quadro de funcionários formado basicamente por jovens. Basta entrar na loja para sentir um ar de juventude. "Entre 60% e 70% dos funcionários são jovens", informou o empresário.
Wellington explicou que a opção pelo público jovem deve-se a fatores como a facilidade de aprender e à ausência de vícios. "Não encontramos pessoas qualificadas no mercado. Então investimos nos jovens, que é um público com maior facilidade de aprendizagem. Além disso, os jovens que estão tendo a primeira chance de trabalhar não trazem os vícios de trabalhadores experientes", justificou o empresário.
Entre os muitos jovens, tem gente que já tem até história para contar na empresa. É o caso de Alissandra Patrícia, que chegou a empresa com apenas 16 anos - através de um programa de inclusão de jovens no mercado do trabalho - e permanece por lá já há quatro anos. Nesse período, Alissandra deixou de ser auxiliar de vendas para se tornar auxiliar de escritório. Mudança que, entre outras coisas, melhorou o seu rendimento mensal. A jovem de apenas 20 anos já acumula experiência e dá dicas importantes para aqueles que estão começando agora. "Não existe muito segredo. O indispensável é o empenho e a dedicação no momento de exercer a função determinada", afirmou.
O economista Franklin Filgueira enfatizou que o jovem deve procurar inicialmente estagiar numa empresa que atue no segmento de seu interesse para, depois disso, procurar alguma empresa para trabalhar. "Obviamente, para estagiar precisa antes de formação, e fazer um bom curso superior faz a diferença", acrescentou.
A prova de que investir no jovem trabalhador é um grande negócio está nas exigências feitas por Wellington para duas novas contratações. "Uma exigência é o ensino médio e a outra é que o candidato não pode ter trabalhado ainda", explicou.
Os caminhos que levam ao primeiro emprego
Conseguir o primeiro emprego é difícil, mas existem caminhos que facilitam a vida dos jovens e funcionam como um elo entre o público juvenil e as empresas. Um desses caminhos é o Sistema Nacional de Emprego (SINE), que através do programa Primeira Chance tem combatido a resistência do mercado de trabalho e criado oportunidades para jovens entre 16 e 24 anos.
O Centro de Integração Empresa Escola (CIEE) é outra instituição que atua como facilitadora nesse processo, com trabalho voltado para os estudantes. Segundo a assistente de atendimento, as empresas do CIEE, Fernanda Lopes, cerca de 500 jovens estudantes estão estagiando em empresas de Mossoró por intermédio do CIEE.
Todos os serviços prestados pelo CIEE são gratuitos e voltados para estudantes a partir de 16 anos, matriculados no ensino médio, técnico ou superior. "Basta que o estudante faça o seu cadastro para fazer parte do nosso banco de dados", observou Fernanda Lopes.
A atuação do CIEE será ampliada brevemente com o advento do programa Aprendiz Legal, em parceria com a Fundação Roberto Marinho. Através desse programa, o CIEE vai captar estudantes de 14 a 24 anos, que trabalharão quatro horas por dia e também serão capacitados. "O estudante vai receber por hora trabalhada, inclusive aquelas em que ele estiver fazendo algum curso", explicou Fernanda, acrescentando que, por lei, as empresas têm que destinar entre 5% e 15% do seu quadro de funcionários para jovens aprendizes.
Outras instituições que trabalham com o Aprendiz Legal são aquelas que formam o Sistema S, como o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).
Estado fica na terceira colocação
O Rio Grande do Norte obteve o terceiro melhor resultado entre os nove estados nordestinos, com um saldo comercial de US$ 108 milhões (aproximadamente R$ 186 milhões). É o que mostrou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em sua pesquisa "Indicadores de Desenvolvimento Sustentável", referente ao ano de 2010.
Assim, o Rio Grande do Norte fica na terceira colocação entre os estados nordestino com maior saldo comercial e Produto Interno Bruto (PIB) per capita, indicando um fortalecimento da economia potiguar ao longo dos últimos anos. O primeiro item econômico apresentado pelo IBGE foi a Balança Comercial, que considera os valores das exportações e importações. Nesse quesito, os melhores resultados na região Nordeste foram atingidos apenas por Bahia e Alagoas, que tiveram saldo comercial de R$ 3,9 bilhões e R$ 1,2 bilhão, respectivamente.
Os demais estados do Nordeste tiveram saldo comercial negativo em 2009, devido aos efeitos da crise internacional na economia brasileira, principalmente, no primeiro semestre do ano passado. O órgão considera que os componentes do indicador refletem as mudanças nos termos de troca e competitividade internacional. Dessa forma, a Balança Comercial é um importante indicador para análise das relações entre economia do RN com o resto do mundo.
O outro ponto ligado à economia apresentado pela pesquisa é o Produto Interno Bruto (PIB), que em 2007 - ano mais recente considerado para o cálculo - alcançou o total de R$ 22,9 bilhões no Rio Grande do Norte. Em relação ao PIB per capita, o RN registrou R$ 7,6 mil, deixando o estado com o 3º melhor resultado da região Nordeste, sendo superado apenas por Sergipe, com PIB per capita de R$ 8,7 mil, e Bahia, com R$ 7,7 mil.
Comparando o PIB per capita registrado no Rio Grande do Norte, nota-se um crescimento de 65% entre os anos de 2003, quando o valor era de R$ 4,6 mil, e 2007. Além disso, houve crescimento de 13% em relação a 2006, ano em que o Produto interno Bruto per capita potiguar foi de R$ 6,7 mil.
Produção de petróleo é fator principal
De acordo com o supervisor de disseminação de informações do IBGE no Rio Grande do Norte, Ivanilton Passos, o crescimento no PIB do Rio Grande do Norte é um indicador positivo, com a ressalva de que, isoladamente, isso não é sinônimo de que a maioria da população potiguar está se apropriando de uma maior riqueza.
Passos explica que uma das causas desse crescimento é a grande produção de petróleo do estado. "Assim, há uma concentração de renda nos municípios produtores, uma minoria entre as 167 cidades norte-rio-grandenses, ao lado de Natal, que é a capital do estado", completa.
Quarta publicação da série Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, a IDS Brasil 2010 foi lançada esta semana, dando continuidade às publicações dos anos 2002, 2004 e 2008. Com o objetivo de disponibilizar um sistema de informações para o acompanhamento da sustentabilidade do padrão de desenvolvimento do Brasil, a pesquisa conta com uma gama de 55 indicadores, todos revistos e atualizados a cada edição.

MAGNOS ALVES
Da Redação  do jornal de fato

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