Para Cabo Patrício (PT), ‘não houve interferência de poder’.
TJDFT afastou oito deputados de processo do impeachment de Arruda.
TJDFT afastou oito deputados de processo do impeachment de Arruda.
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“Ainda não fui notificado. Tomei conhecimento da decisão pela internet. O que temos que fazer, tão logo chegue a notificação, é anular a composição da CCJ, chamar o plenário para votar o novo presidente e recompor a comissão especial que analisa o impeachment do governador”, afirmou ao G1, por telefone, Patrício.
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Essa decisão restabelece a proporcionalidade na Câmara. A democracia tem três poderes e essa decisão não é interferência de poder, como estão dizendo"
O deputado petista também defende a decisão do juiz Vinícius Santos Silva. “Essa decisão restabelece a proporcionalidade na Câmara. A democracia tem três poderes e essa decisão não é interferência de poder, como estão dizendo”, avalia. “O que o juiz fala na decisão é em restabelecer a proporcionalidade na Casa para que haja isenção e equilíbrio na investigação do governador Arruda”, complementa.
Arruda responde a processo de impeachment na Câmara pelo suposto envolvimento em um esquema de pagamento de propina que teria beneficiado deputados distritais, empresários, integrantes do governo Arruda e o vice-governador, Paulo Octávio (DEM). O escândalo surgiu no dia 27 de novembro, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Caixa de Pandora. Atualmente, o caso tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
"O que o juiz fala na decisão é em restabelecer a proporcionalidade na Casa para que haja isenção e equilíbrio na investigação do governador Arruda"
Patrício convocou uma reunião da Mesa Diretora da Casa para 11h desta quinta-feira (21) e diz querer reunir todos os parlamentares já nesta sexta: “Essa situação que deve ser tratada por todos os parlamentares. Daí o motivo pelo qual defendo o fim do recesso na Casa.”
Dominadas por aliados do governador Arruda, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a comissão especial que julgará o impeachment de Arruda e a CPI que investiga irregularidades no governo distrital devem ser dissolvidas com a decisão judicial que afastou os deputados.
O juiz anula todos os atos praticados pelos parlamentares que foram citados no despacho. O que, segundo a assessoria do TJDFT, provocaria a anulação dos procedimentos que escolheram os atuais integrantes dos colegiados.
O presidente em exercício da Câmara, no entanto, acredita que a decisão judicial atinge apenas a CCJ e a comissão especial de impeachment. A CPI não seria afetada porque não contou com a participação dos citados.
Decisão
O TJDFT determinou o afastamento imediato de todos os oito deputados distritais supostamente envolvidos no escândalo do mensalão do DEM de Brasília das atividades relacionadas ao pedido de impeachment contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM).Na decisão de 14 páginas, o juiz Vinícius Santos Silva determina ainda a convocação dos suplentes desses deputados e "anula todos os atos deliberativos já praticados pelos citados".
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A participação de alguém em investigação, em procedimento, onde se apuram fatos relacionados à sua pessoa, fere as mais elementares regras da razão. É atentado frontal à razoabilidade, moralidade e impessoalidade"
A determinação do tribunal ordena ao presidente em exercício da Câmara, Cabo Patrício (PT), a convocar os substitutos para atuar apenas nas comissões relacionadas ao pedido de cassação de Arruda. A multa diária para o descumprimento da decisão do TJDFT é de R$ 500 mil a contar do quinto dia após a intimação.
No texto, o magistrado determina a convocação dos suplentes não suspeitos ou impedidos de julgar Arruda. “Solicita a intimação do presidente da Câmara Legislativa, ou de quem lhe faça as vezes, para que convoque os respectivos suplentes (não suspeitos/impedidos) dos deputados ora afastados, na forma regimental, respeitada a proporcionalidade partidária e ordem de suplência, para que atuem exclusivamente no processamento e votação de toda e qualquer atividade vinculada ao processo de impeachment”, diz a decisão.
"A ninguém é dado o direito de ser juiz da própria causa"
Segundo o magistrado, “a ninguém é dado o direito de ser juiz da própria causa”. “Não estou a tratar aqui da possibilidade de absolvição do Governador. A existência de julgadores interessados na causa fere o poder/dever de que o julgamento prossiga segundo as regras impostas pelo devido processo legal. E não há devido processo legal quando o órgão julgador é interessado no resultado do julgamento, isso por um motivo óbvio: a ninguém é dado o direito de ser juiz da própria causa.”
Vinicius dos Santos Silva classificou de “traição à origem do Poder Legislativo” permitir que parlamentares envolvidos no suposto esquema de corrupção participem do julgamento dos processos de impeachment contra Arruda.
“Não é consentânea com o espírito da Constituição a participação, como verdadeiro órgão julgador de condutas, dos parlamentares pessoalmente envolvidos, em tese, com a matéria fática sub judice, em qualquer fase do processo de impedimento do Governador. Isso é uma traição à própria origem do Poder Legislativo, destinado a reprimir os abusos e delinear uma ordem jurídica baseada na igualdade e na justiça”, disse o juiz na decisão.
Deputados
São citados na decisão o presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente (sem partido, ex-DEM), que já havia sido afastado do cargo nesta terça-feira (19) pelo TJDFT, e os deputados Aylton Gomes (PR), Benedito Domingos (PP), Benício Tavares (PMDB), Eurides Brito (PMDB), Júnior Brunelli (PSC), Rogério Ulisses (ex-PSB, sem partido) e Roney Nemer (PMDB)."Não estou a tratar aqui da possibilidade de absolvição do Governador. A existência de julgadores interessados na causa fere o poder/dever de que o julgamento prossiga segundo as regras impostas pelo devido processo legal"
Desse grupo, apenas a peemedebista Eurides Brito, integrante da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), estava diretamente ligada ao colegiado que iria analisar os pedidos de impeachment contra Arruda. Os demais parlamentares teriam direito a voto durante a análise do processo no plenário da Casa.
Eurides Brito aparece em um dos vídeos gravados pelo ex-secretário de Relações Institucionais do governo Arruda e pivô do escândalo, Durval Barbosa, colocando maços de dinheiro em uma bolsa. Com a decisão da Justiça, ela deverá se afastar da CCJ.
FONTE: G1
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