Quadrilhas que explodem bancos estão fora de controle da polícia; RN teve quatro casos

Eram 2h da manhã da última terça-feira no município de Lagoa Salgada, a 52km da capital potiguar, quando seis homens encapuzados e fortemente armados invadiram a praça da cidade, arrombaram a porta de uma agência bancária e armaram explosivos junto ao terminal eletrônico. "Um dos bandidos se aproximou de mim e disse: você vai ver algo lindo agora, que nunca viu antes. Acendeu um cigarro, deu um trago e usou a brasa para acender o pavio", contou o estudante Adriano Ferreira Alves, 34 anos, que estava no local no momento do crime e chegou a ser rendido pelos bandidos. A porta do caixa eletrônico foi detonada e a estrutura do prédio ficou destruída. O gerente da agência, Jorge Soares, disse que o caixa tinha sido abastecido no dia anterior e não era possível estimar a quantia roubada.

A cena se repetiu na sexta-feira passada, em Extremoz, cidade da região metropolitana deNatal. Por volta das 3h da manhã, oito homens armados chegaram à cidade. Parte do bando invadiu uma agência bancária, enquanto os outros arrombaram uma farmácia que também tinha um caixa eletrônico. Para ter acesso ao dinheiro dos caixas eletrônicos, mais uma vez, os bandido usaram explosivos.

Em 19 de julho deste ano, duas agências do Banco do Brasil, localizadas nas cidades de Umarizal e Martins, interior do RN, também tiveram os caixas eletrônicos explodidos. Este tipo de crime vem sendo cometido com frequência no Rio Grande do Norte e nos estados da Paraíba e Pernambuco. A polícia suspeita que a mesma quadrilha vem agindo nos três estados do Nordeste.

É entre o fim de um mês e a metade do outro que a polícia da Paraíba sabe que a explosão de agências bancárias vai ser destaque novamente no noticiário. Mas, com 223 municípios distribuídos pelo território estadual, descobrir o alvo a tempo de evitar o crime tem sido o maior desafio do setor de inteligência neste ano. Desde janeiro, 65 ataques contra bancosforam registrados no estado. Em 37% deles (24) as quadrilhas usaram a técnica que se tornou a principal do crime organizado em investidas contra bancos: o uso de explosivos.

Investigações do Grupo de Operações Especiais (GOE/PB) revelam que o material está sendo desviado de pedreiras e mineradoras da Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Funcionários que possuem relação com os suspeitos de assaltos a banco já foram identificados e estão entre os investigados na força tarefa montada há alguns meses para tentar coibir a ousadia dos assaltantes.

Mas os esforços não foram suficientes. "A polícia tem tido dificuldades para conter o avanço desses crimes, principalmente pela falta de policiamento ostensivo em cidades do interior, onde geralmente os bandidos tem agido", comenta o delegado do GOE/PB, Walber Virgolino. Em novembro, foram cinco investidas criminosas, entre os dias 4 e 8.


Esdras Marchezan, Priscylla Meira e Fernanda Zauli

FONTE: DN Online