O rastro deixado pelas latas parecia estar levando a mais um lixão aberto em área ambiental. Mas o que se esconde dentro do mangue às margens do Rio Potengi, entre o Bairro Nordeste e a ponte de Igapó, é a cracolândia potiguar. A lata é só parte do material usado pelos viciados para ajudar a "queimar" a pedra de crack. O muro de um empresa vizinha ao mangue delimita o final da área. Ali, homens, mulheres e até crianças das mais diferentes classes sociais se encontram para consumir drogas. Alguns nem saem mais de lá, dormem em cima de papelões e outros até já fizeram barracos de palafitas.
Todos os dias, todas as horas, os usuários cruzam a Avenida Felizardo Moura como verdadeiros zumbis. A via divide o mangue da comunidade do Mosquito, área reconhecidamente dominada pelo tráfico de drogas. A empresa que fica próxima ao mangue funciona até às 17h30. Porém, o fluxo no estacionamento não termina nesse horário. Somado aos usuários que se deslocam a pé, com aspecto sujo, tem as pessoas que chegam de carro, estacionam em frente à empresa e descem pelo caminho do Potengi. Pela falta de locais para serem visitados na área, é percebido facilmente que os ricos e pobres dividem o mangue com a mesma intenção.
Posto
A poucos metros do "esconderijo" dos usuários, está um posto da Polícia Rodoviária Estadual (PRE). Com medo de retaliações, um policial preservou a identidade e explicou como funcionam as coisas pelo mangue. "Tem gente toda hora dentro desse mangue. Eles compram a pedra por aí (apontando para a comunidade do Mosquito). O tráfico é pesado. O povo aqui reclama de assalto direto. Pior, essa área prejudica o trabalho da gente. Veja só: se vem uma moto roubada (sentido Zona Norte - Sul) ela pode não passar por aqui. É só descer para o mangue após ter passado a ponte, depois segue por baixo, entra no Mosquito e sai lá no bairro das Quintas", resumiu.
Posto
A poucos metros do "esconderijo" dos usuários, está um posto da Polícia Rodoviária Estadual (PRE). Com medo de retaliações, um policial preservou a identidade e explicou como funcionam as coisas pelo mangue. "Tem gente toda hora dentro desse mangue. Eles compram a pedra por aí (apontando para a comunidade do Mosquito). O tráfico é pesado. O povo aqui reclama de assalto direto. Pior, essa área prejudica o trabalho da gente. Veja só: se vem uma moto roubada (sentido Zona Norte - Sul) ela pode não passar por aqui. É só descer para o mangue após ter passado a ponte, depois segue por baixo, entra no Mosquito e sai lá no bairro das Quintas", resumiu.
Ministério Público abrirá inquérito
"É um fato criminoso e precisa ser investigado", declarou o promotor criminal Edevaldo Alves Barbosa. O Ministério Público abrirá um inquérito para investigar a situação de tráfico e uso irregular do mangue. Para o promotor, atuar somente junto ao consumidor das drogas não traz resultado. "Onde tem usuário, tem traficante", sintetizou.
Ele retrata que diversos traficantes já foram presos na área, mas sempre outro ocupa o lugar. "Hoje, a organização do tráfico evoluiu muito. Junta os criminosos que chegam do Sul, com conhecimento de armas e outras coisas, com os daqui que são bastante destemidos", apontou Edevaldo.
Tratamento A reportagem do Diário de Natal procurou a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) para saber como é feito o tratamento dos usuários de drogas no Rio Grande do Norte. A assessoria de comunicação repassou o contato de uma servidora que estava viajando. Tentamos falar com ela, mas o telefone estava desligado e a reportagem não conseguiu entrar em contato com a servidora até o fechamento desta edição.
Números
Apreensão de crack pela Delegacia Especializada em Narcóticos (Denarc) de janeiro a julho
Crack
2009 - 710g
2010 - 291,2kg
Aumento de 41.500%
Maconha
2009 - 8,3kg
2010 - 66,6kg
Aumento de 702%
Cocaína
2009 - 520g
2010 - 6,1kg
Aumento de 1.100%
Por Maiara Felipe, da redação do DIARIODENATAL.COM.BR
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