O policial José Célio Leite Lima trabalhava na Delegacia de Narcóticos e prendeu mais de 420 traficantes em dois anosO policial civil José Célio Leite Lima, 43 anos, foi baleado no tórax, na madrugada de ontem, e morreu poucas horas depois, na unidade central do Instituto José Frota (IJF). Célio tinha saído de uma festa com um amigo e duas mulheres quando, no trilho da Avenida Themberg - bairro Álvaro Weyne - foi surpreendido por dois homens em uma moto. Segundo testemunhas, os motoqueiros atiraram contra o policial civil, que guiava o carro.
Célio foi atingido no tórax e foi levado às pressas para o hospital, onde permaneceu poucas horas com vida. O amigo de Célio, cujo nome não foi revelado pela Polícia, teria sido atingido por um tiro no braço.
A ação criminosa aconteceu por volta das três horas. Os autores seriam dois homens numa motocicleta vermelha, segundo relatos obtidos pela Polícia. Ao todo, foram disparados três tiros, sendo que um atingiu o policial, outro feriu no braço um amigo de Célio, que vinha no banco ao lado, e um terceiro atingiu o encosto do banco do motorista.
O caso está sendo investigado pelo 7º DP, no Pirambu, responsável pela área em que o crime aconteceu. O delegado José Jesuíta Barbosa, titular do 7º DP e que estava de plantão durante a madrugada, esteve no local do crime. A ocorrência também está sendo acompanhada pelo diretor de Policia Especializada (DPE), Jairo Pequeno, que já determinou diligência para a apuração dos fatos.
Para o delegado César Wagner Maia Martins, que atuou na Denarc juntamente com a equipe de Célio e atualmente atua como titular na Delegacia do Cumbuco, há indicadores de represália de narcotraficantes. "Célio e sua equipe foram responsáveis pela prisão de 420 traficantes, entre os anos de 2008 e 2009, que foi o período em que estive à frente da Denarc", disse César Wagner.
O delegado lembrou que o policial e seus companheiros já haviam recebido ameaçadas de morte desde o ano passado. "Para mim, são claros os sinais de tentativa de execução", disse Wagner. Na sua opinião, a ousadia do ato causa repulsa na sociedade, em vista de como tráfico de drogas tem-se enraizado nos bairros de Fortaleza.
Já o diretor do Departamento de Polícia Especializada, Jairo Pequeno, avalia que ainda é cedo para falar sobre o que possa ter motivado o crime. "O policial estava em seu carro, um Golf, com amigos, depois de uma festa. Precisamos fazer levantamentos sobre o local em que estavam. Também não podemos descartar a hipótese de uma tentativa de roubo. Tudo ainda tem que ser considerado, inclusive a possibilidade de um atentado".
Ontem pela manhã, vários delegados de Polícia Civil e inspetores, colegas da vítima, estiveram no IJF para prestar solidariedade à família do policial.
Ameaças
Em julho de 2009, o jornal publicou matéria sobre a desarticulação de uma organização criminosa apontada como responsável por tráfico de drogas, duas chacinas, outros assassinatos, assaltos a carros-fortes e sequestros na Grande Fortaleza. Na ocasião, o delegado César Wagner estava a frente da Denarc e José Célio havia trabalhado no caso. A investigação, que resultou na prisão de quatro pessoas, durou cerca de dois meses.
Conforme o delegado, um dos bandidos presos teria oferecido R$ 90 mil aos policiais para que o liberassem. Diante da recusa de suborno, o bandido se irritou e passou a ameaçá-los de morte. "É melhor vocês aceitarem o dinheiro que ofereci e me deixar em casa, do que terem o mesmo fim que eu dou aos ´pirangueiros´. Se for preso, vou matar vocês, um por um", teria dito o acusado.
fonte:diário do norderte
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