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Policiais do Ronda trabalham nas ruas com pouca preparação. Acabam virando alvo fácil dos criminosos
"Socorro, estamos sendo assaltados, estamos sendo assaltados!"
O apelo chegou à Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), pouco depois das 10h30, via telefone. Do outro lado da linha, não era mais um cidadão comum pedindo a ajuda da Polícia. Era a própria Polícia. Tratava-se de um soldado do Ronda do Quarteirão, que pedia socorro. Enquanto ele falava ao telefone com a Ciops, outros dois PMs eram sendo rendidos sob a mira das armas de dois bandidos.
A cena aconteceu, na manhã do dia (24), em plena praça pública, no Conjunto Polar, na Barra do Ceará (Zona Oeste da Capital). Três PMs do Ronda, que faziam o policiamento a pé na praça, acabaram sendo supreendidos por dois ladrões que estavam disfarçados de mendigos. Um deles, sacou de uma pistola que estava num saco e rendeu os três PMs. Logo em seguida, seu comparsa apareceu. Em poucos segundos, eles fugiram dali em uma moto modelo Twister, preta, com a placa virada.
Armas
Os três policiais militares assaltados foram identificados como sendo os soldados Paulo Roberto da Silva Guedes (soldado Guedes), Arnaldo Costa de Aquino Júnior (soldado Júnior) e Dimas Mourão Araújo de Oliveira (soldado Mourão).
A cena patética foi presenciada por diversas pessoas. Segundo apurou a Polícia, um dos assaltantes se aproximou dos três policiais sem levantar suspeita. Estava maltrapilho e conduzia um saco nas costas. Foi ele o responsável por sacar a primeira arma e render os três soldados. Um dos PMs teve uma pistola encostada na cabeça. Logo, os outros perceberam que haviam caído numa cilada de bandidos em plena praça pública e à luz do dia.
O soldado Júnior conseguiu se afastar dos colegas de farda que estavam na mira dos bandidos e correu. Foi ele quem ligou para a Ciops pedindo ajuda. Quando o reforço policial apareceu, os bandidos já haviam ido embora levando uma pistola de calibre Ponto 40 (0.40) e um colete à prova de bala, ambos pertencentes à PM, e uma pistola de calibre 380 ACP, pertencente a um dos PMs, mas que ele, estranhamente, usava mesmo estando de serviço e fardado. O Comando do Ronda do Quarteirão foi avisado do caso e promoeteu investigá-lo, mas, até a noite passada não havia sido descoberta nenhuma pista dos ladrões.
Avisada pelo soldado em pânico, a Ciops mobilizou várias patrulhas da 3ª e 6ª Companhias do 5º BPM, do Ronda do Quarteirão, além de equipes do Batalhão de Polícia de Choque (BpChoque). Já o Serviço de Inteligência do Comando-Geral da PM e a Coordenadoria Integrada de Inteligência da SSPDS (Coin) acabaram acionados para auxiliar nas investigações. Os três soldados foram levados até a sede do Batalhão de Policiamento Comunitário e ouvidos em depoimento. Um Inquérito Policial Militar (IPM) será instaurado, assim como uma sindicância na Corregedoria Geral dos Órgãos da Segurança Pública (CGOSP).
Outros casos
Esta não é a primeira vez que armas da Polícia são levadas por bandidos ou, simplesmente, ´desaparacerem´ sem explicações.
Na madrugada do dia 8 de outubro de 2007, 12 fuzis modelo ´Mosquetão´, de calibre 7.62, desapareceram de dentro da reserva de armas do Quartel do Comando-Geral da Polícia Militar. Até hoje, nenhum deles foi recuperado. Mais recentemente, o Comando determinou a abertura de mais um IPM para apurar a responsabilidade pelo ´sumiço´ de 29 revólveres e cinco pistolas na 2ª Companhia do 6º BPM (Maracanaú). O desaparecimento aconteceu quando era realizado um levantamento determinado, anualmente, pelo próprio Comando-Geral.
Uma das pistolas foi encontrada com um vigilante, preso pela Inteligência em Caucaia.
Fique por dentro
População insegura
Proibidos pelo secretário da Segurança Pública, Roberto Monteiro, de perseguir bandidos, fazer abordagens a suspeitos e, ainda, trafegar nas Hilux com velocidade acima de 60 Km/h, os soldados do Ronda do Quarteirão agora são como figuras decorativas nas ruas de Fortaleza e da Região Metropolitana. Além disso, aqueles que trabalham nas viaturas são obrigados a fazer, diariamente, uma ´visita social´ durante o turno de trabalho.
O programa de policiamento Comunitário Ronda do Quarteirão teve início em novembro de 2008. No começo, tinha a aprovação da população. Hoje, as comunidades que receberam a ´nova´ Polícia reclamam da falta de segurança em seus bairros. O trabalho ´pesado´ de prender bandidos e evitar crimes fica por conta das patrulhas das companhias do 5º e 6º BPM, além do Raio e Batalhão de BpChoque.
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
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