Assim que apreendidos, jovens são levados à Funase
A apreensão dos adolescentes que participaram do assalto que resultou na morte da estudante de radialismo da Universidade Federal de Pernambuco Nanda Mateus repercutiu nas ruas do Recife. A reportagem do NE10 foi nesta sexta-feira (15) ao Parque 13 de Maio, no Centro, ouvir o que as pessoas pensam sobre a ressocialização dos jovens de 15 e 17 anos, a punição do crime e o desarmamento.
A estudante Shirley Costa, 13 anos, acredita que o melhor local para receber os jovens é "um abrigo para eles aprenderem que assaltar é errado". Para ela, o crime é "uma barbaridade, porque era um assalto, não precisavam ter tirado a vida dela" - por isso, é a favor do desarmamento. "Ia ser melhor porque ia parar com essas coisas", acredita.
Samuel de Souza Mercadante, aposentado de 56 anos, pensa ser a apreensão uma justa punição dos criminosos: "Tirou uma vida, né? E quem tira a vida é só Deus, mais ninguém". Sobre o desarmamento, questiona: "O que adianta eu ser a favor se o cidadão é desarmado e o bandido não é? Tem que desarmar os que tão lá em cima, eles que têm acesso a armas e passam pros bandidos", criticou. O conferente Alan Campos, 25 anos, acredita que os jovens "podem se ressocializar, depende do tratamento dado. Agora, infelizmente, é prisão mesmo", defende. Para ele, "só quem pode andar armado é a polícia".
Já um senhor aposentado que se identificou apenas como Antonio não acredita que os jovens irão melhorar de vida. "Eles partem para outra vida, de crime", afirmou. "Não existe punição por si mesma, tem que haver é a educação para esses jovens", criticou. Segundo Antonio, o atual sistema de educação público não é adequado e estimula os jovens a entrar na criminalidade. "Os jovens têm muitos direitos e não sabem administrá-los para o bem, só para o mal", reclama.
FUNASE - Os menores infratores são encaminhados à Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase), do Governo do Estado - antiga Fundação do Bem Estar do Menor (Febem). Assim que chegam, ficam à disposição da Unidade de Atendimento Inicial (Uniai), onde serão avaliados por psicólogos e profissionais da instituição. Passam no máximo um dia nessa etapa e são levados a um Centro de Internação Provisória (Cenip), onde ficam por 45 dias, enquanto esperam determinação judicial sobre o local onde cumprirão a pena - um Centro de Atendimento Socioeducativo.
Neles, os menores podem passar até três anos. Há escola normal pela manhã, cursos profissionalizantes pela tarde e, à noite, prática de esportes. São oito centros desse tipo em Pernambuco: Recife (unidade feminina), Abreu e Lima, Cabo de Santo Agostinho, Jaboatão, Caruaru, Arcoverde, Garanhuns e Petrolina. O Cenip de Abreu e Lima atende jovens até 16 anos e o do Cabo, os de 16 e 17 anos. Por serem mais próximos ao Recife, devem ser os destinos dos adolescentes que mataram Nanda Mateus.
A Funase também atua na ressocialização do menor infrator, realizando trabalhos com a família dele, envolvendo também psicólogos, pedagogos e assistentes sociais. Geralmente, esse trabalho é realizado quando já está próximo de o interno sair da unidade.
Embora 19% dos internos tenham sido levados à Funase por tráfico de drogas e muitos tenham feito uso de substâncias tóxicas, não há acompanhamento médico para desintoxicação - apenas aconselhamentos por parte de uma equipe específica formada por psicólogos e assistentes sociais.
FONTE : JC ONLINE
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